Eis abaixo a íntegra do discurso que proferi no dia 8 de maio de 2010 no Esquadrão Tenente Amaro em Valença/RJ por ocasião do
Centenario do General Plínio Pitaluga.
Excelentíssimos Senhores.
General Figueiredo – Presidente do Clube Militar
General Santos Cruz – Comandante da 2ª. Divisão do Exército
General Evangelho – Comandante da 1ª. Região Militar
General Araújo Lima – Comandante da 12ª. Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel
Nosso anfitrião, Major Cordeiro Pacheco – Comandante do Esquadrão Tenente Amaro
Veterano Tenente Martinho da Silva Cruz – Presidente da Sessão de Valença da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil
Demais autoridade militares
Minhas senhoras e meus senhores,
É com grande honra e orgulho que represento a Família Pitaluga nesta comemoração pelo dia da Vitória na 2ª. Grande Guerra Mundial e, em especial, pela tocante homenagem ao Centenário do nascimento de meu muito saudoso e amado pai, General Plínio Pitaluga.
Tive o prazer de inaugurar o Museu Capitão Pitaluga no dia 13 novembro de 2002, iniciativa do Comandante à época e agora Tenente-Coronel Douglas. Volto a esta casa com grande alegria, com a mesma emoção que via nos olhos do meu pai sempre que ele era convidado para aqui retornar. De todas as unidades que comandou, esta é, sem dúvida, a mais especial.
Apesar de pequeno e modesto, o Esquadrão Tenente Amaro tem muito do que se orgulhar pelo seu passado de contribuições históricas à Nação e por suas ações heróicas e decisivas nas tomadas de Monte Castelo, Montese, Collechio e Fornovo. Posso resumir o legado de Pitaluga em três palavras: liderança, inovação e treinamento.
Pitaluga sempre foi um líder. Desde os tempos do grêmio acadêmico na Escola Militar do Realengo, quando se formou em 1935, até o fim de seus dias como Presidente do Conselho Nacional dos Ex-Combatentes do Brasil. Diz a lenda que logo no início de sua participação na 2ª. Guerra, ele teve contato com seu par americano, um Capitão de quase 2 metros de altura que olhou para sua estatura de 1.66m com um sorriso irônico. Pitaluga convidou-o a fazer um reconhecimento pela região. Logo nos primeiros passos, uma bomba explodiu bem próximo de onde eles se encontravam. O oficial americano se jogou ao chão assustado. Pitaluga se manteve em pé e sereno. Nosso herói estendeu a mão ao colega ianque e perguntou se estava tudo bem. Após esse dia, o oficial americano nunca mais foi ao banheiro sem pedir licença ao meu pai. Mal sabia ele que meu pai era bem maior, pois estava sentado nos ombros dos seus gigantes e por ele liderados. Liderança se conquista; não se impõe.
O segundo legado é o da inovação. Rezava o manual americano que os carros de reconhecimento não poderiam ultrapassar a velocidade de cruzeiro de 40 km/hora. O Capitão Pitaluga cruzava as estradas Italianas a uma velocidade média de 70-80 km/hora, o que dificultava enormemente a precisão do ataque inimigo e salvava a vida de seus homens. A prova da eficiência de suas táticas inovadoras se resume em apenas três perdas em quase um ano de campanha na Itália.
Por fim, a base de todo o sucesso: treinamento. Pitaluga começou a preparar sua tropa para a guerra em Recife seis meses antes da sua entrada no conflito. Seu treinamento era tão eficiente, que ele incluiu seis sargentos considerados incapazes para desempenhar o papel. Três deles foram eternizados como heróis no campo de batalha e três voltaram como heróis para um país vitorioso e livre do fantasma da guerra.
Ainda quando criança, recordo-me da euforia que reinava na 4ª. Divisão de Cavalaria em Campo Grande/MS logo após suas célebres manobras pelo interior do estado por 3-4 semanas. Seus comandados unanimemente testemunhavam que os exercícios concebidos por Pitaluga eram a melhor instrução militar recebida em suas carreiras.
Como consequência desses três pilares, Pitaluga foi celebrizado com a rendição do 148º Divisão de Infantaria Alemã na pessoa de seu Comandante, General Otto Fretter Pico, que lhe entregou sua arma e confiou sua vida e a de seus quase 15.000 comandados, pois sabia que os Brasileiros respeitariam seus direitos humanos. .
No dia 29 de abril de 1945, quando o Esquadrão estava se preparando para continuar na missão de reconhecer Fornovo di Taro, Capitão Pitaluga foi procurado por um Coronel Alemão para entrar em entendimento sobre a suspensão da luta naquele setor. Era o começo da rendição da 148ª Divisão Alemã, da 90ª Divisão Blindada Alemã e dos remanescentes da Divisão Itália. Após acordo com o comando da FEB - General Olympio Falconière da Cunha, efetivou-se a rendição, tendo sido capturado um total de 15.000 homens, 1.500 viaturas e 4.000 cavalos. Tal feito pode ser considerado uma das maiores rendições que ocorreram durante as Operações dos Aliados na Itália.
Orgulhem-se, portanto, Senhores! Este é o legado de Pitaluga: liderança, inovação e treinamento. A farda que hora vestem e o solo que agora pisam têm mais valor, valor esse conquistado com sangue, suor e lágrimas dos heróis do passado, um passado ainda recente e que merece ser eternizado de todas as formas pelo Exército Brasileiro e pelo próprio Brasil.
Nesse sentido, louvo e agradeço a iniciativa do Tenente-Coronel Douglas em criar o Museu Capitão Pitaluga enquanto meu pai ainda era vivo. Mais vale uma sincera homenagem em vida do que todas as deferências póstumas. Destaco a devoção do Subtenente Romano, ao implementar com excelência e galhardia a missão que lhe foi atribuída. Rogo às autoridades competentes que o eternizem na condição de guardião do Museu, se assim for de seu desejo.
Hoje é um dia muito especial. Comemoramos o dia da Vitória na 2a. Grande Guerra Mundial. Celebramos o Centenário do General Plínio Pitaluga. Pitaluga viverá eternamente em cada um de nós. Alegrem-se, pois!
Que DEUS Todo-Pderoso nos abençoe com os dons da sabedoria e da humildade. Amém!
Muito obrigado,
Octavio Pitaluga Neto