Nas minhas palestras e workshops costumo dizer que um dos nossos fundamentos básicos em gestão de redes de negócios é a fórmula da riqueza. Riqueza é igual a valor versus alavancagem. O valor está nos tangíveis como 5, 8, 10 Ps do marketing ou qualquer recurso de ordem técnica ou competitiva comparada mas, principalmente, nos intangíveis como compromisso, honra, ética, respeito etc.... A alavancagem encontra-se nos diversos mecanismos de rede de negócios.
Outro fundamento básico é que networking não é a respeito do número de contatos mas sim a respeito do valor que adicionamos aos nossos contatos. Mais uma vez, os valores intangíveis, que são mais difíceis de serem copiados prevalecem sobre os valores tangíveis que podem ser facilmente replicados em qualquer lugar do planeta uma vez que os mesmos recursos e planejamento estejam disponíveis.
Isso posto, vamos começar a debater uma série de pequenos mas altamente significativos pecados, de ordem cultural, que observo no Brasil. A soma desses diversos pecados cometidos diariamente por grande parte da população de quase 200 milhões de habitantes, explica rapidamente como conseguimos a "proeza" de sermos subdesenvolvidos, i.e., pobres, apesar de estar cercados por milhares e abundantes recursos todos os dias.
Começarei falando do hábito de furar. O brasileiro, em geral, vive prometendo coisas, assumindo compromissos muito rapidamente sem uma prévia e cuidadosa análise. Isso tudo sem levar em consideração um recurso precioso e escasso que uma vez usado não pode mais ser reaproveitado: tempo.
O resultado todo mundo já sabe. Dada a lista de prioridades do dia a dia e em função do tempo requerido para cumprir com as principais, é impossível atender a todos os compromissos assumidos. Assim, é comum ouvir aquelas respostas clássicas do tipo "não deu tempo para" ou "tive um imprevisto" como forma de justificar a incapacidade de gerenciar o seu tempo eficientemente.
Isso quando o profissional ainda é digno de cancelar previamente. Na grande maioria das vezes experimentamos um furo altamente desrespeitoso, i.e., a pessoa não cumpre o prometido e nem sequer se incomoda em se desculpar e/ou remarcar. Pior ainda. Ai de você se ligar reclamando pela desfeita. Vai certamente ouvir frases de efeito na base do "não tem nada a ver" e "deixa rolar". Muito provavelmente, o relacionamento esfriará tremendamente podendo até se encerrar, dependendo da diferença na cadeia de valores entre as partes.
A verdade é que o furo é uma mentira. Quem conta mentiras é um mentiroso. Se o que se fala, não se escreve; se o que se que escreve, não se assina e se o que se assina não tem valor, qual é o valor desse profissional ? Quem mente não consegue construir confiança que gere negócios e, por conseguinte, verdadeira e tangível riqueza.
Ao furar, a pessoa está contaminando a sua rede de contatos de diversas formas. Primeiro, está demonstrando uma baixa estima e falta de respeito consigo mesma. Segundo, ela está demonstrando que não respeita aos seus pares. Por fim, demonstra falta de respeito com a marca, entidade e empregador a que representa. Inconscientemente, por vezes, a pessoa está contaminando a sua rede e gerando pobreza para si e para todos os envolvidos.
Por outro lado, a solução é muito simples. (1) Defina suas metas e prioridades. (2) Saiba educadamente dizer não para alguns convites. (3) Gerencie o seu tempo buscando aumentar o valor de suas ações por cada minuto investido. (4) Em casos de um compromisso assumido e de imprevisto de qualquer ordem, avise o mais rápido que puder com um pedido de desculpas e propondo uma nova agenda de imediato. (5) Por fim, principalmente, aconteça o que acontecer, não falhe na próxima vez.
Assim, você estará adicionando valor a sua rede, conquistando a confiança necessária para que um maior número de negócios ocorram numa velocidade maior, de maior volume e maior escopo. Somente assim, a verdadeira riqueza será criada. Somente a riqueza criada pode ser compartilhada.
Se por um decreto divino, o povo brasileiro deixasse de furar em qualquer dos seus compromissos. Do mais simples, como chegar na hora marcada a um happy-hour com os amigos, ao mais complexo, como cumprir o combinado num negócio de milhões de dólares, com certeza, em apenas uma década, passaríamos a ocupar o lugar de destaque que nos é reservado no cenário mundial.
Deixo aqui o meu convite-desafio. É uma simples questão de escolha. Eu já fiz a minha. E você ? Caso se identifique com meus valores intangíveis, seja bem-vindo a minha rede de negócios. Do contrário, peço a gentileza de sua profunda reflexão sobre as linhas acima antes mesmo de me contatar.